12/05/2010

Poema em duas vozes no.1

Inspira-me
(Inspirar-te?)
Dá-me de ti
(Dar de mim?)
O tempo que já perdemos.
(O tempo que já perdemos?)

Puxa-me, tal
(Puxar-te?)
Que o peso do beijo, só
(O peso do beijo?)
Não seja vão.
(o que tu queres dizer com isso?)

Desfaz esse mal, desfaz esse mal!
(Que mal? Não há mal nenhum.
Vai, que não te quero mais)

9/30/2010

Amigos meus

Ele te ama.
Sem adjetivos, sem advérbios.
Ele te ama.
Sem metáforas ou comparações.
Ele te ama.
Simples assim.
Ele ama e é a ti.
Nada mais importa.

9/24/2010

Orgasmo mineiro

Uai
Uai
Uai
Uai!
Uai!
Uaai!
Uaaai!
Uaaaai!
Uaaaaai!
Uaaaaaai!
Uaaaaaaaai!
Êêêêêêê trem bão,
Mundo véio sem porteira, sô!

9/23/2010

Tempinho tempinho

E quando que o tempo
Que passa que passa
Que passa tão bem
Que passa vivinho
que passa não vem
que quando que quando
que quando não tem
que passa teu tempo comigo
que passa que passa
que passa com mais ninguém.
que passa que passa
que passar um tempo contigo
que passa que passa
um tempo juntinho
diz-me agora, que mal é que tem?

9/19/2010

Não chorem por mim

Não chorem por mim
Não vertam minhas lágrimas
Já senti a tristeza,
Sofri quietinho e então,
de pouco em pouco,
Deixei-a seguir seu caminho

Não lamentem por mim
Não guardem isso por mim
Joguem fora,
Deixem que vá,
Já basta a obsessão de um só.

Se não há solução e me vêem triste,
Deixem-me velar meus mortos
Cantar minhas perdas,
Arrumar o quarto que já não tem uso
E o canto que ocupa aqui dentro.

Acima de tudo, não me falem da vida,
De como seria, que faria tão bem.
Pois pregam para o convertido,
se houvesse elixir milagroso, seria o primeiro a buscá-lo!

Mas não há.
Não depende de mim.
Eu não controlo destinos
tampouco dirijo o meu.

Se a vida não vem,
deixem-me velar meus mortos,
deixem-me verter a amargura em gotas,
vê-la rolar pelo rosto e partir.

9/16/2010

Direta

Me dá uma Coca-Cola.
Agora.
Gelada.
De doer a cabeça.
Me dá
Uma
Coca
Cola.

Trocamos Figurinhas.

Fomos colecionadores.
Encontramos-nos por acaso,
Eu te vi primeiro, figura que eu não tinha,
E quis possuir.

Em mim,
viste um álbum incompleto,
Repleto do que tinhas
E quiseste inquirir.

Brincamos de trocar figurinhas.

- Tens esta, que vi quando pequena?
- Mas claro, como não teria?
- E isto, sabes o que é?
- É a prova, que acena, de termos o mesmo gostar.
E te curvavas perdendo ar:
- Assim tu me matas!

Brincamos de trocar figurinhas.

Trocamos e trocamos
Figurinhas e figurinhas
Por dias curtos,
Noite longas sem janta,
muito vagar,
Quando mesmo as respostas escasseavam,
Para tantas perguntas sem fim.

Brincamos de trocar figurinhas.

Um dia paraste de perguntar
E já sem respostas - já sabes o que tenho -
Não me importei, sabia o que tu querias
Figurinhas, figurinhas!
Mas nenhuma interessava.

Tentei ainda brincar de trocar figurinhas.

Sem aviso, um dia percebi por que
Não importasse quais oferecesse,
Tu já as tinha, e a razão, simples:
É que já não trocavas sozinha.

As figurinhas, perdendo a cor,
foram guardadas, longe dos olhos
da curiosidade do colecionador.

Não trocamos mais figurinhas.

8/11/2010

Rodoferroviária

Estação Rodoferroviária,
De ônibus e trens
Ferro e asfalto
Em plena Curitiba

Estação verão,
De pessoas plenas,
Em vagões rodoferroviários
Ferro e ônibus
De trem e asfalto

Ferrodoviária, rodoplena de asfalto
Ferro em vagões de pessoas
Ônibus plenos de Curitiba
Rofedoviarrória
Feviarrodorrória
Rovía
Dovía
Ía
Chegou o rodo-trem
Será o das sete e quinze?

8/09/2010

Ponto

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
Tanto me incomodou
Que com um tiro o fiz parar

8/06/2010

Hipopótamo

Viu
Casa
Olhar
Lado
Contorno
Esquina
Duzentos
Metro
Cruzamento
Hipopótamo
Direita
Número
Discagem
Atendimento
Entrada
Elevador
Andares
Campainha
Porta
Abertura
Cruzaram-se os olhares e com um beijo súbito, porém terno, o amor prevaleceu.

8/02/2010

Prestissimo

Porque eles exclamam!
Conclamam
Reclamam
Pesado
Pesado o peso do fardo
Fatídico o dia
Do minto, do mato
Que dia?
O dia pesado do passo passado
O dia turvo que vai e não vem
Não faz, nem fundo, no mato
No mato, cativo que faz
Não faz lá no fundo
E o mato também
Reclamam!
Reclamam!
Reclamam!
Reclamam também!

8/01/2010

Bailarina

Olha a beleza da menina loura
É graciosa, a dançar balé
Minha sina é vê-la de longe
A dela é ter amor e não saber
quem é

Admirar-te escondido, coisa boa
Ver-te andando, pé ante pé...
Giras neste salão que não esconde
sua rainha preferida a nós,
ralé

ai, menina, vê-la como um anjo, alvo, puro
é saber como a beleza se apresenta até
no sorriso de quem te guarda, juro
e não ousa, por medo, pensar-te
mulher.

7/31/2010

Nonsense

Poesia concreta é
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
nonsense nonsense nonsense
é poesia concreta.

Primeira de muitas

A publicação de hoje (que, aliás, não se pretende diária) inaugura o período que testarei suas paciências com minha poesia. Sem querer ser poeta, mas de qualquer forma escrevendo, ofereço minhas criações a quem estiver interessado. Espero que gostem das criações, mas caso não,por favor guardem para si, já que a minha auto-estima é muito influenciável.
Não pretendo dar qualquer ordem às publicações, seja temática ou cronológica, mas, só por questão de curiosidade, começo com um poema escrito em março deste ano, "As horas esquecidas".


As horas esquecidas

Mesmo na espera, há beleza.
Mesmo nos braços cruzados, há paixão.
Não contamos dessa vida a metade
Ainda que sem relato, lá estava
Escondido entre a grita e o silêncio, o amante.
                                  
Não há declarações,
Explosões ou grandes momentos
Sem o calar das horas passadas.

Não há tortura,
Tristeza ou sorriso redentor,
Sem o tédio ocasional,
Sem as casas abandonadas do dia.

O tempo morto, esquecido
Que nem por isso é dor,
Mas feito elo,
É, por si, só, alegria.