Fomos colecionadores.
Encontramos-nos por acaso,
Eu te vi primeiro, figura que eu não tinha,
E quis possuir.
Em mim,
viste um álbum incompleto,
Repleto do que tinhas
E quiseste inquirir.
Brincamos de trocar figurinhas.
- Tens esta, que vi quando pequena?
- Mas claro, como não teria?
- E isto, sabes o que é?
- É a prova, que acena, de termos o mesmo gostar.
E te curvavas perdendo ar:
- Assim tu me matas!
Brincamos de trocar figurinhas.
Trocamos e trocamos
Figurinhas e figurinhas
Por dias curtos,
Noite longas sem janta,
muito vagar,
Quando mesmo as respostas escasseavam,
Para tantas perguntas sem fim.
Brincamos de trocar figurinhas.
Um dia paraste de perguntar
E já sem respostas - já sabes o que tenho -
Não me importei, sabia o que tu querias
Figurinhas, figurinhas!
Mas nenhuma interessava.
Tentei ainda brincar de trocar figurinhas.
Sem aviso, um dia percebi por que
Não importasse quais oferecesse,
Tu já as tinha, e a razão, simples:
É que já não trocavas sozinha.
As figurinhas, perdendo a cor,
foram guardadas, longe dos olhos
da curiosidade do colecionador.
Não trocamos mais figurinhas.
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