9/19/2010

Não chorem por mim

Não chorem por mim
Não vertam minhas lágrimas
Já senti a tristeza,
Sofri quietinho e então,
de pouco em pouco,
Deixei-a seguir seu caminho

Não lamentem por mim
Não guardem isso por mim
Joguem fora,
Deixem que vá,
Já basta a obsessão de um só.

Se não há solução e me vêem triste,
Deixem-me velar meus mortos
Cantar minhas perdas,
Arrumar o quarto que já não tem uso
E o canto que ocupa aqui dentro.

Acima de tudo, não me falem da vida,
De como seria, que faria tão bem.
Pois pregam para o convertido,
se houvesse elixir milagroso, seria o primeiro a buscá-lo!

Mas não há.
Não depende de mim.
Eu não controlo destinos
tampouco dirijo o meu.

Se a vida não vem,
deixem-me velar meus mortos,
deixem-me verter a amargura em gotas,
vê-la rolar pelo rosto e partir.

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