Hoje, que te odeio,
Quero falar de amor.
Lembrar de teu rosto na luz certa
O curto espaço entre nossos olhos
Na procura de um beijo
Sem dizer muito mais,
Palavras só representam o que é a verdade
Que eu dizia ao proferir:
Não me peça palavras ou declarações
Quando tudo o que tenho são meus braços, que sentem sua faltam.
Palavras são frias e minha pele só quer o calor da tua.
Não digas nada, usa teus lábios somente para beijar-me,
Infinitos beijos
E outros,
E outros,
E mais outros.
E como fazer de outra maneira?
O peito órfão não quer senão sua completude
As pernas, entrelaçar-se
Meu pé, roçar o teu.
Hoje, que te odeio
Quero falar de amor.
Lembrar teu rosto como era,
A doçura iluminada
E não no que se tornou,
Cínico ranço confuso
Fingindo não lembrar,
Da pele, dos braços, dos pés.
Mas hoje, que te odeio,
Quero falar de amor.
Que é assim que eu me lembro
E não me permite trocar
A imagem de alguém, que já não é você,
Pela memória do teu calor.
Teu pescoço, marcado de lábios e dentes
Pela aspereza do que restou.
Hoje, que te odeio,
Prefiro falar de amor.
Sorria só mais uma vez, como adeus
Mas um sorriso eterno, para um adeus eterno
Porque, agora, faço o que devo e me vou.
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