ORANGE

Com tanto desgosto neste mundo
Por que não aproveitar,
Fugir assim
De tanto gosto bom que há em tudo?

ORANGE

O desgosto de não teres vindo
É o gosto da ressaca da outra
Que persiste em meu sentidos

E da outra de outro dia
E daquela, que já virou geléia
E outras, juntas, que como platéia
Torcem, na minha cabeça,
A favor ou contra eu ter me resolvido

Melhor é ir pra casa
Dar um tempo
E aproveitar meu travesseiro,
sozinho.

ORANGE

Coitado do meu contrapé
Aturdido
Acordado
Destraído vencia te esperava por aqui
E tu vinhas doutro lado
Assim me atrapalho cá com a dança
Perco o ponto o rebate cansa
E o brinquedo anda mal
E não posso ser criança
E se não for, o que vale cada jogo
Se bom mesmo é gostar de ti despreocupado?

ORANGE

Hoje estou mais calmo
Ou pelo menos assim o acredito
Mesmo que por vezes me rompa a alma e imploda um grito
Hei de me recuperar
Ainda que tenha partido do nada
E chegado só em novo nenhum lugar
Pois é assim mesmo que a sentimentalhada gira
Esses ânimos humânimos frustrados
Até que excitados por uma nova melhor mentira.

ORANGE

Divagador e absurdo
Sou poeta do descuido
E me encontro em te perder

Sempre pronto anuncio minha perda
Por hábito ou por talento,
Sempre a mesma ladainha
Mas nunca sem doer.

Quem dera, ainda que tarde,
mas não muito
Eu aprenda rimas rosas
e possa mudar de assunto.

ORANGE

E se eu inda fosse moço
Nem pensava no desgosto
Pegava mesmo no teu pé
E te fazia um cafuné

E um beijinho no pescoço
E roçava a tua nuca
Te deixava toda nua

Ah o que eu não faria!
Se tu fosse toda minha
E se eu inda fosse moço.

ORANGE

A primeira palavra que aprendi,
Fora as outras, deve ter sido
ORTOPÉDICO
Complexa, composta, sonora
sufixística adjetívica,
E muito desconfortável,
Por vezes para a então criança soletrar,
Por outras no aperto de meu pé
que total continua ruim.
Tão bonitinho.

ORANGE

Surgido na terra onde
Se não vais, vêm a ti
Tanto o rio quanto a montanha,
A que respondem todos
Com mais força e marcas d'água caiadas,
Eu respondi fazendo nada.
Boiando rio abaixo,
Vim pra ilha grande até chegar aqui
Onde por mais que eu fuja,
O mais encontro:
Ainda é foz do Itajaí...

Foughts in a traffic jam

As correlation recedes and folly takes helm to glory and tell the mundane aspects of quarreling to
They are storming through
Yet quietly
And silently
to numb the senses to stem, their woes are to them what my words were to me.
Nothing at all, they might say.

Then in rapacious contempt business fraught
Are set liberties then as follows:
One shall not stray, for it is dangerous
One shall not stay, for it is old
One shall not call upon revenge to visit on a neighbor, for it is uncourteous and uncivilized
Yet one must also not call forth with care, nor grace, for it's not your problem to loosen other's ties
Like a bicycle, to be in control is to move forward, faster and faster, as the roads still stream ahead and the earth is round.

Them cozy a full stop.
and darling a night of unchanging objects open the skies to moderation done restrained
And let solace take its gain, little time has it to whirl
For a measure of politeness the evil is hidden, hindering aurora to human feeling dormant still
That only traffic strife could persuade
That only red brake lights could adorn
That only diesel gases could do numb

And carlights go on
Children on mothers wombs await their numbers to be called
Pre-washed lettuce rottens every seventh day
And lightbulbs must still be tested before bought

Passersby and ongoers they talk loud
The top of their lousy lungs, rife with black smoke
And listen to their sounds, ungently sung
Cloistered in a fuselage, in a reclinable seat, in a jam

To the ships!

Masterly rejects and craves and times
parading their own sentiments to whoever may desire
A little bit of of humanness and playfulness and tenderness
all that's part of a tale story gone awry.
No paths
No boots
No really handsome trues to follow.
No consumate medieval souvenirs of love's own tender bollocks.
Hooray, the time has come. To the ships! To the ships!
Rolling maidens of seashore lands regret your depart at full sail to warmer sands
and tighter flesh.
Pick up your whereabouts, for they're not here to be found, to be dealt , to be delivered
they are naught at all.
A lumbersome skeleton, a termite chagrin, an eaten torrent of hollow inner parts.
'tis the void, devoid, annoyed and destroyed
and endeared to us, as we all love a bit of shallowness
for it is the skin what's left, it's the crust of a bone
The marrow is gone, we are lost.

Upstream there still

Thwarting hats to humble scorny flats the robe begins to roll downhill
Recurring the images they go, forever redone, rewritten, rerun
Recombined as long tall shirts of short fat Sally,
Air is breezing upstream there still
And forces, they're courageous, and smart and righteous too
None the louder, not too embrace brails of fuming agreements
Solaced and outrageous, to gore them be to breach and sand
The more the better, the more the lesser,
the smarter the most annoying one.
Rogues.
Them be rogues
Thieves
Let them be
Rocky mountains easy tips,
Get me a Coke
Or a ticket to Disneyland.