11/27/2011

Aninha

Aninha

Aninha era perfeita. Com aquele toque de pele fresco que só uma mulher tem, ela recostaria suas costas em meu peito para assistir um filme, com seu braço direito levantado fazendo-me cafuné, enquanto eu passaria as mãos por sua barriga. Eu gosto de acariciar seu abdômen, ela gosta de beijos no pescoço. Eu gosto de correr a ponta de meu nariz por trás de sua orelha, pelos finos fios que escapam de um frouxo coque. Ela não lavou o cabelo hoje, mas não importa. Em sua blusa de cashmere azul claro, com um decote que revela quase até os ombros, ela está linda e eu lhe beijo o pescoço.

Mas Aninha queria ver o filme. Gostava de Errol Flynn, Gary Cooper, era de outra época. Sabia qual era em technicolor ou em kodachrome, mas isso era eu que lhe dizia. Seria uma mania minha, falar sobre filmes antigos, mas ela achava aquilo o máximo. Eu tinha que sussurrar em seus ouvidos, não mais que um breve comentário. Aninha queria ver o filme. Disse que vai usar as cores com inspiração seu próximo projeto, os jogos de luzes, aquela estética, aqueles heróis, aquele mundo. Ela havia explicado os conceitos que usaria, mas confesso que não entendi direito. Muita semiótica e palavras assim. Tinha prazer de escutar sua voz que ainda lembrava a menina sapeca que fora. Eu também queria ver o filme, mas não importa. Em sua blusa de cashmere azul claro, com um decote que revela quase até os ombros, ela está linda e eu lhe beijo o pescoço.

Aninha era perfeita. Usava meia-calça e sapatilhas pretas. Saia curta, negra, e blusa de cashmere. Seu corpo encaixava no meu. Poderia ficar horas protegida em meu peito, deitada como um bebê em meus braços, a ver televisão. Só levantaria para fazer pipoca. Ela gosta de pipoca. Não, Aninha, deixa que eu faço pra você! Fica aqui deitadinha que eu já volto. Mas ela não deixava, insistia em fazer ela mesma. Não gostava de muito sal. Voltava com a tigela cheia, encostava seu corpo no meu, confortável em meus braços, para ver o filme. Ficaríamos assim, por horas. Quentes um no outro, esquecíamos do vento lá fora. Quando o filme acabasse, ela esticaria seus braços, a se espreguiçar. Esfregava sua cabeça em mim, por provocação. Ao virar-se, olharia fundo em meus olhos e, com um leve sorriso, percorreria gentilmente meu rosto com a ponta de seu nariz até fixar-se em minha boca. Com seus lábios beijaria os meus, devagar, para aproveitar cada segundo. Com meu lábios percorri os seus, detidamente. Desci ao queixo, para acariciá-lo, e continuei. Em sua blusa de cashmere azul claro, com um decote que revela quase até os ombros, ela está linda e eu lhe beijo o pescoço.

Aninha era perfeita.

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